A Complexidade da Precificação de Serviços de Desenvolvimento / Administração de Software
Para programadores, desenvolvedores, mantenedores de software e, principalmente, do ponto de vista da arquitetura de sistemas complexos, a tarefa de precificar de forma definitiva e absoluta um serviço é uma missão quase impossível. Isso se deve à natureza intrinsecamente subjetiva do valor criado em atividades de alta complexidade técnica e intelectual, além da dificuldade de prever com precisão o trabalho necessário para alcançar os objetivos de um projeto.
A Comparação Entre Teoria do Valor do Trabalho e Teoria Subjetiva do Valor
A Teoria do Valor do Trabalho, defendida por economistas clássicos como Adam Smith e, posteriormente, Karl Marx, argumenta que o valor de um bem ou serviço é determinado pela quantidade de trabalho necessário para sua produção. De acordo com Marx, o valor é uma representação da quantidade de trabalho socialmente necessário para a produção de uma mercadoria. Nesse contexto, o tempo de trabalho empregado na criação de um software seria, em teoria, o principal fator de determinação do seu valor.
Por outro lado, a Teoria Subjetiva do Valor, que ganhou destaque com a Escola Austríaca de Economia, especialmente através de Carl Menger, propõe que o valor de um bem ou serviço é determinado pela percepção individual do consumidor. Segundo essa teoria, o valor de um software não depende apenas do trabalho envolvido em sua criação, mas sim da utilidade que ele proporciona ao usuário final. Esse valor pode variar amplamente dependendo das necessidades, expectativas e circunstâncias de cada cliente.
No desenvolvimento de software, essas duas teorias se entrelaçam, gerando um dilema: embora o esforço técnico e o tempo de trabalho (elementos da teoria do valor do trabalho) sejam mensuráveis, o valor final percebido pelo cliente (teoria subjetiva do valor) é altamente variável e depende de fatores que muitas vezes escapam ao controle do desenvolvedor, como a usabilidade, o impacto no negócio do cliente, e a evolução das necessidades ao longo do tempo.
A Posição de Marx e a Complexidade no Contexto Atual
Marx argumentava que, além do trabalho, o valor de um bem ou serviço está ligado a fatores sociais, culturais e intelectuais acumulados ao longo do tempo. Ele denominou isso de "capital social/intelectual", o qual desempenha um papel crucial na formação do valor das mercadorias. No contexto do desenvolvimento de software, isso se traduz na expertise acumulada, nas práticas consolidadas e no conhecimento técnico que os desenvolvedores trazem para o projeto. Este "capital social/intelectual" não pode ser quantificado de maneira simples, pois envolve toda uma rede de conhecimentos, experiências e práticas que transcendem o mero tempo de trabalho.
Georg Wilhelm Friedrich Hegel, influente para Marx, afirmou que a realidade é composta de interações complexas entre a matéria, a consciência e o espírito, e que estas não podem ser reduzidas a uma simples equação de valor. Esta visão hegeliana também reflete a dificuldade em atribuir um valor fixo e absoluto a serviços que envolvem inovação e criatividade, como o desenvolvimento de software. A essência do trabalho criativo e técnico é tal que o valor dele emerge da interação dinâmica entre o desenvolvedor, a tecnologia e as necessidades do cliente, em vez de ser algo inerente ao produto final.
A Solução da POPSOLUTIONS: Hora de Trabalho Homem/Máquina como Métrica de Valor
Reconhecendo essa complexidade filosófica e jurídica, a POPSOLUTIONS adota uma abordagem pragmática: estabelecemos o valor da hora de trabalho homem/máquina como a métrica ou unidade de medida mínima de trabalho quantificável. Esta abordagem nos permite atribuir um valor ao serviço prestado, que embora não capture toda a subjetividade do valor percebido pelo cliente, oferece uma base objetiva para a precificação.
Ainda assim, reconhecemos que essa métrica é uma aproximação. A hora de trabalho homem/máquina baseia-se no conhecimento prévio acumulado, que não é totalmente capturado pela teoria subjetiva do valor. Ao invés disso, está alinhado com a visão de Marx sobre capital social/intelectual. Este capital, resultante de anos de experiência e aprendizado contínuo, não é apenas uma simples soma de horas trabalhadas, mas sim um ativo fundamental que contribui para o valor final do serviço.
Em conclusão, ao adotar a hora de trabalho homem/máquina como base de precificação, a POPSOLUTIONS busca um equilíbrio entre a objetividade necessária para a definição de preços e a subjetividade inerente ao valor percebido pelo cliente. Esta abordagem permite que ofereçamos serviços de alta qualidade com uma estrutura de preços transparente e justa, ao mesmo tempo em que reconhecemos as complexidades do trabalho criativo e técnico em um mundo onde o valor é cada vez mais intangível.